Notícias

Entrevista: Hygor Fonseca

18/05/2016 às 09:33

Hygor Fonseca tem sua vida dedicada ao futsal. Como atleta, destacou como um armador de muita habilidade e grande visão de jogo. Agora, como treinador, ele vem construindo uma carreira vitoriosa a frente do Catiguá.

Campeão do Campeonato Mineiro de Futsal como jogador e como treinador, Hygor é muito respeitado pelo que faz pelo esporte de Patrocínio. Em entrevista, ele falou mais sobre sua trajetória no futsal. Confira:

Como que começou sua história no futsal?

Eu cresci na quadra do meu pai, lá no poliesportivo da FAMA. Até os meus 15 anos, eu só jogava bola lá, não frequentava nenhum outro ginásio. Desde os meus oito anos, a gente reunia o pessoal da escola, meu pai me emprestava a chave, a gente ia pra lá e ficava jogando o dia inteiro lá na quadra. Ficava brincando. Dava seis horas, eu devolvia a chave pra ele e aí sim tinha os horários lá normal. Então eu cresci no poliesportivo da FAMA. Depois, com 15 anos, o pessoal me vendo jogar lá, o Cunhadinho e o Nelinho, que jogava mais campeonatos, me convidaram pra fazer parte da Copa PTC Difusora, que tinha na época. Eu joguei esse campeonato adulto e comecei realmente a competir.

Depois você virou atleta? Jogou primeiro aqui em Patrocínio e foi pra Uberlândia?
Isso. Eu fui pro PTC. O Paulo Nunes tinha acabado de entrar no PTC como treinador, ele me convidou vendo o próprio torneio da Copa PTC Difusora. Ele me convidou pra jogar o Campeonato Mineiro juvenil. E a gente conseguiu no primeiro ano ser campeão do Interior invicto, que era uma coisa que há muitos anos o PTC não conseguia. Acho até que foi o último título que o PTC ganhou, foi esse de 2000. Em 2001, eu fui pro Praia. Em 2002, eu já compunha o Praia adulto. Em 2003, a gente conseguiu se sagrar campeão do Interior e do Estado com o Praia Clube. No outro ano, a gente jogou a Taça Brasil, onde a gente encontrou Ulbra, Carlos Barbosa, que praticamente todo mundo jogava na seleção brasileira.

Depois de jogar como atleta do Praia, quanto tempo levou para você virar treinador?
Eu vim embora em 2006, 2007. Voltei pra Patrocínio. Ficava jogando bola, jogando campeonatos na região. Até que veio o convite do Catiguá Tênis Clube, o Paulinho e o Tim, na época [2013], me convidaram. E era um sonho a ser realizado, porque eu sempre tive um sonho de conseguir um título do Campeonato Mineiro pra minha cidade. E ainda tenho de tentar conseguir um adulto. Porque o meu sonho é que Patrocínio entre no cenário nacional adulto. A gente tá devagarzinho evoluindo. Conseguimos dois títulos estaduais, que era coisa que há um certo tempo atrás era insonhável pra nossa cidade. Com o trabalho a médio e longo prazo acredito que a gente vai ganhar mais vezes. Então foi um sonho que eu consegui realizar para a cidade de Patrocínio e pra mim pessoalmente. Ganhar em duas categorias diferentes: no sub-17 e no sub-11, que eu tive o prazer de dar o título pro meu filho, juntamente com toda a comissão do Catiguá, todo apoio, porque a gente sabe que sozinho é impossível. Foi assim que a gente começou a nossa trajetória como treinador. Foi cerca de três anos atrás.

Ter sido atleta de futsal, como que te ajuda hoje pra treinar categorias de base?
Quando eu comecei tive dificuldade, porque você dar o treino diariamente é totalmente diferente de você corrigir alguma coisa durante o jogo. Se não estudar você não consegue. Porque uma coisa é você jogar, outra é dar o treino. Eu venho estudando bastante sobre treinamentos diários. Mas no início foi muito difícil, muito difícil mesmo. Mas agora com mais tempo de trabalho, com mais tranquilidade, a gente consegue diferenciar o treinamento com o jogo. O que me diferencia muito é durante o jogo a gente corrigir. Mas o que iguala a todo mundo é o treinamento. Se você tiver um treinamento diferente você consegue bons resultados.

A sua forma de entender o futsal, com quem você mais aprendeu o que hoje você está passando para os atletas?
Eu falo muito quando eu converso com os meus amigos, o que eu vejo em mim é muito parecido com aquele cara que toca violão de ouvido. O cara ouve tocar, vai e tira a música naturalmente. Aprendi muita coisa com treinador, mas tipo assim nada de treinamento, nada taticamente. Mais foi posição de corpo, entrada na bola, mas taticamente praticamente ninguém me ensinou. Foi mais visualizando, trocando ideia. Foi mais nesse sentido visualizando e entendendo o futsal como a coisa mais simples do mundo, que eu acho que é o toca e passa, dar opção pra bola. Sem ver muita coisa mirabolante que o pessoal procura muito hoje não só no futsal, mas como no futebol de campo.

E a instrução que você passa para os jogadores?
O que a gente tenta fazer é amadurecer o atleta antes do natural dele. Eu acredito muito que quanto mais caminhos eu informar pra ele, quanto mais leque de opção ele tiver na cabeça, a tomada de decisão dele é melhor. Então a gente procura ter um certo padrão tático, uma certa organização, mas as tomadas de decisões durante a partida é do atleta. Cabe ao treinador mostrar quais opções que ele tem, e ele tomar a decisão certa com vários treinamentos específicos para que ele consiga desenvolver um futsal de alto nível.

O Catiguá para os próximos anos, você pensa em montar um time adulto?
Eu tenho um projeto meu. Não é do Catiguá. É um projeto meu, que é realmente montar um adulto e um sub-20. Entendo que a cidade tem condições pra fazer isso. Eu devo tentar por em prática o ano que vem, em 2017, com o sub-20 e o adulto. É um sonho que eu tenho de trabalhar nessas duas categorias. O pessoal fica me amolando para eu jogar, mas o meu foco principal é montar uma equipe competitiva, com pessoas de Patrocínio. Se tiver de fora é um ou dois no máximo. Para que realmente a gente traga o sub-17 pro 20, o 20 pro adulto, e a gente cresça ainda mais no esporte.

Pra encerrar, fala também da diretoria do Catiguá.
Eu gostaria de agradecer ao Tim e ao Paulinho, que me convidaram pra fazer parte deste projeto, a gente teve dois anos muito bons com eles. Hoje, a gente vai inteirar dois anos com o Eduardo Marra e com o Juninho Macalé, que são dois caras que sempre deram todo apoio, nos ajudaram. A gente tem que somente agradecer esse pessoal. Agradecer o Daniel do ginásio. Agradecer todo clube do Catiguá. Já pegando o gancho, mandar um abraço pra todos os amigos e pessoas que gostam da gente, que sabem o quanto a gente trabalha e um abraço também para minha família: minha esposa Débora, meu filho Alex, minha vó Ilda, minhã mãe Daisy, meu irmão Hytalo e ao maior de todos, meu grande pai Fausto Fonseca, sem ele não seria possível.

Filipe Ferreira